BOAS VINDAS

Eu tenho uma espécie de dever,de dever sonhar

de sonhar sempre,

pois sendo mais do que

um espectador de mim mesmo,

Eu tenho que ter o melhor espatáculo que posso.

Fernando Pessoa

"Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos." Pitágoras

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reflexão sobre o ato de educar...

Durante esta semana eu e uma colega estamos fazendo estágio com Educação Infantil,como sempre pesquisamos em sites,blogs e em teóricos para trazer os mais variados assuntos e atividades referentes à fase em questão.

Bem ao fazermos nossa fundamentação e baseadas em autores renomados e especialistas no assunto,como Freneit,Madalena Freire,observamos que todos afirmam que ao  trabalhar com crianças devemos ter o cuidado de trabalhar com a sua realidade,valorizando sempre  as suas experiências e vivências ,e assim através da prática educativa a criança vai construindo seu conhecimento.
Segundo Madalena Freire em seu livro"A paixão de conhecer o mundo" nos relata e afirma que:...se a prática educativa tem a criança como um dos seus sujeitos,construindo seu processo de conhecimento,não há dicotomia entre cognitivo e o afetivo,e sim uma relação dinâmica,prazerosa de conhecer o mundo...quando se tira da criança a possibilidade de conhecer este ou aquele aspecto da realidade, na verdade se está alienando-se da sua capacidade de construir seu conhecimento."

E dentro desse contexto muitas dúvidas nos surgiram,a realidade em sala de aula é outra,ou seja,muitas vezes a prática não anda junto com a teoria.

A pergunta é quem é o responsável por esse paradigma da educação?

O professor com falta de formação?
A escola que não  dá suporte aos educadores, não promovendo atividades que visem a aprendizagem?  
Falta de capacitação dos gestores?
Ou pior ainda a falta de comunicação entre a tríade pedagógica e os professores?

Não basta aos educadores fazer pós,mestrados e doutorados, se não souberem aplicar esses conhecimentos no cotidiano  escolar.

O que nos faz sermos melhores é a prática,é o chão da escola que nos faz aprender a ter realidade da realidade que nos cerca.

Afinal,a educação libertadora que prentendemos é realidade ou utópica?

Deixo uma citação de Libâneo para refletirmos sobre a nossa práxis educativa.

[...] a educação é uma atividade onde professores e alunos midiatizados pela realidade que aprendem e da qual extraem o conteúdo da aprendiazgem,atingem um nível de consciência dessa mesma realidade,a fim de nela atuarem,num sentido de transformação social[...].(libâneo,1996,p.33).


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Educação libertadora...

EDUCAÇÃO LIBERTADORA: UTOPIA OU REALIDADE



RESUMO




O presente trabalho conceitua Educação Libertadora, bem como, visa nos mostrar a educação na visão de Paulo Freire, seu mentor e idealizador. Para ele a educação deve realizar-se como prática da liberdade. Os caminhos da libertação só estabelecem sujeitos livres e a prática da liberdade só pode se concretizar numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica. Tento a realidade como mediador e objeto de aprendizado, a tendência libertadora funciona como abertura para uma sociedade democrática, preocupando-se também com o que está fora da escola em busca da emancipação do homem.






Palavras-chave: Educação; Libertação; Teoria e Prática.




1 INTRODUÇÃO


[...] a educação é uma atividade onde professores e alunos midiatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo da aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social [...] (Libânio, 1996, p.33).




A citação de Libâneo está relacionada à tendência libertadora da Pedagogia Progressista iniciada por Paulo Freire no início dos anos 60. Enquanto a Pedagogia Liberal propõe uma adaptação do indivíduo à sociedade de classes, a Pedagogia Progressista pressupõe a análise crítica do capitalismo.




Também conhecida como Pedagogia de Paulo Freire, a tendência libertadora nasce em oposição aos métodos da época que não eram capazes ou não se preocupavam prioritariamente em formar cidadãos. Relacionando à citação de Libâneo, vê-se que, para Paulo Freire, cidadão é o indivíduo capaz de, na relação com a realidade, atuar num sentido de transformação social.


Também conhecida como “Escola Libertadora”, vincula a educação à luta e à organização da classe do oprimido. Revolucionária, divulga a transformação da sociedade e acreditava que a educação, por si só, não faria tal revolução, embora fosse uma ferramenta importante e fundamental nesse processo.


Sendo assim, o objetivo deste trabalho é compreender o que significa Pedagogia Progressista Libertadora, sob a ótica de Paulo Freire, bem como sua prática e teoria dentro do contexto educativo.




2 CONCEITO DE TEORIA E PRÁTICA


Na compreensão de Freire teoria é um princípio de inserção do homem na realidade como ser que existe nela, e existindo promove a sua própria concepção da vida social e política. Para confirmar esta opinião, vale à pena reler o texto.


De teoria, na verdade, precisamos nós. De teoria que implica uma inserção na realidade, num contato analítico com o existente, para comprová-lo, para vivê-lo e vivê-lo plenamente, praticamente. Neste sentido é que teorizar é contemplar. Não no sentido distorcido que lhe damos, de oposição à realidade [...] (Freire, 1979, p.93).


Com efeito, ao enfatizar o caráter contemplativo da teoria, Paulo Freire garante a inserção do homem na realidade. Ele deixa claro que teoria é sempre a reflexão que se faz do contexto concreto, isto é, deve-se partir sempre de experiências do homem com a realidade na qual está inserido, cumprindo também a função de analisar e refletir essa realidade, no sentido de apropriar-se de um caráter crítico sobre ela. Esse caráter de transformação tem uma razão de ser, pois provém antes de tudo, da sua vivência pessoal e íntima numa realidade contrastante e opressora, influenciando fortemente todas as suas idéias.


Compreende-se então, que teoria para Freire não será identificada se não houver um caráter transformador, pois só assim estará cumprindo sua função de reflexão sobre a realidade concreta.


A definição de prática em Paulo Freire está baseada inicialmente na relação entre "consciência servil" e "consciência do senhor”.




A prática não pode ater-se à leitura descontextualizada do mundo, ao contrário, vincula o homem nessa busca consciente de ser, estar e agir no mundo num processo que se faz único e dinâmico, melhor dizendo, é apropriar-se da prática dando sentido à teoria. Sobre essa conceituação assim se expressa Freire (1983, p.40). "[...] a práxis, porém, é ação e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo". Portanto, a função da prática é a de agir sobre o mundo para transformá-lo.




A relação entre teoria e prática centra-se na articulação dialética entre ambas, o que não significa necessariamente uma identidade entre elas. Significa assim, uma relação que se dá na contradição, ou seja, expressa um movimento de interdependência em que uma não existe sem a outra. Assim, cada coisa exige a existência do seu contrário, como determinação e negação do outro; na superação, onde os contrários em luta e movimento buscam a superação da contradição, superando-se a si próprios. Portanto, relação teoria e prática em Freire, não são apenas palavras, é reflexão teórica, pressuposto e princípio que busca uma postura, uma atitude do homem face ao homem e do homem face à realidade.




3. EDUCAÇÂO PROBLEMATIZADORA X EDUCAÇÂO BANCÁRIA


Freire não se limitou a analisar como são a educação e a pedagogia, mas mostra uma teoria de como elas devem ser compreendidas teoricamente e como se deve agir através de uma educação denominada Libertadora. Para ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da realidade e na práxis o poder da transformação.


Entende-se por pedagogia em Freire, a ação que pode e deve ser muito mais que um processo de treinamento ou domesticação; um processo que nasce da observação e da reflexão e culmina na ação transformadora.


Em oposição à pedagogia do diálogo, Paulo Freire desnuda a concepção bancária de educação; é uma crítica à educação que existe no sistema capitalista. Nessa concepção:


O educador é o que educa; os educandos, os que são educados; o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o quedisciplina; os educandos, os disciplinados; o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição; o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam; o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos se acomodam a ele; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos (Freire, 1983, p.68).


Este desnudamento serve de premissa para visualizar o poder do educador sobre o educando e como conseqüência à possibilidade de formar sujeitos ativos, críticos e não domesticados. A Educação Bancária se alicerça nos princípios de dominação, de domesticação e alienação transferidas do educador para o aluno através do conhecimento dado, imposto, alienado.




De fato, nessa concepção, o conhecimento é algo que, por ser imposto, passa a ser absorvido passivamente.


Na visão "bancária" da educação, o "saber" é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão - a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro (Freire, 1983).


Como se vê, a opressão é o cerne da concepção bancária. Para analisar esta concepção que se fundamenta no antidiálogo, Freire (1983) apresenta características que servem à opressão. São elas: a conquista, a divisão, a manipulação e a invasão cultural.


Um dos principais eixos da educação libertadora proposta por Freire é o combate acirrado à dominação e opressão dos “de baixo”. Esses podem ser entendidos como os excluídos da sociedade capitalista, os “demitidos da vida”, os “esfarrapados do mundo”. Sua obra acredita na intenção de mudança, presente em cada ser humano, na conscientização dos “de baixo” que são, a todo instante, explorados pelos “de cima.”


O comprometimento com a transformação social é a premissa da educação libertadora.




[...] a educação é uma atividade onde professores e alunos [...] atingem um nível de consciência [...] [da realidade], a fim de [...] atuarem, num sentido de transformação social. Libâneo (1996, p.33)


Ao contrário da educação libertadora, a concepção bancária de educação não exige a consciência crítica do educador e do educando, assim como o conhecimento não desvela os "porquês" do que se pretende saber. Eis porque a educação bancária oprime, negando a dialogicidade nas relações entre os sujeitos e a realidade.


Paulo Freire propõe uma nova concepção da relação pedagógica. Não se trata de conceber a educação apenas como transmissão de conteúdos por parte do educador. Pelo contrário, trata-se de estabelecer um diálogo, isso significa que aquele que se educa, isto é, está aprendendo também.


A pedagogia tradicional (educação bancária) também afirmava isso, só que em Paulo Freire o educador também aprende do educando da mesma maneira que este aprende dele. Não há ninguém que possa ser considerado definitivamente educado ou definitivamente formado. Cada um, a seu modo, junto com os outros, pode aprender e descobrir novas dimensões e possibilidades da realidade na vida. A educação torna-se um processo de formação mútua e permanente.




4 CONCLUSÃO


O modelo de educação proposto por Paulo Freire se diferencia da educação tradicional, pois abomina dentre outras coisas a dependência dominadora, que inclui dentre outras a relação de dominação do educador sobre o educando.


O objetivo e o direcionamento da pedagogia de Paulo Freire, como explicitado por Libâneo, é atingir um nível de consciência da realidade. Mas é importante observar que este direcionamento não perde de vista as diferenças entre homens e crianças, como relata o Paulo Freire (1989, p.53) falando de sua experiência de leitura do mundo:


Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais.


Desta forma, Paulo Freire opõe-se à Pedagogia Tradicional uma vez que ele não considera a criança como um adulto em miniatura, mas como ser portador de suas próprias especificidades.


A pedagogia de Paulo Freire propõe um ensino na base do diálogo, a liberdade e ao exercício de busca ao conhecimento participativo e transformador. Uma educação que esteja disposta a considerar o ser humano como sujeito de sua própria aprendizagem e não como mero objeto sem respostas e saber. Sua vivência, sua realidade e essencialmente sua forma de enxergar e ler o mundo precisam ser considerados para que esta aprendizagem se realize.


Através da prática Paulo Freire construiu sua teoria, por meio da ação construiu a esperança, através da militância, espalhou conhecimentos. Esses elementos demonstram a sua contribuição inegável para a educação brasileira. Contribuição que na maioria das vezes, deixou de merecer o devido reconhecimento de seu próprio país, apesar de reconhecida no restante do mundo.


Ao finalizar este trabalho, ficou-me claro que a pedagogia de Paulo Freire, era baseada na libertação do homem por meio da educação. Uma pedagogia que valorizava o sujeito e sua cultura, e que deveria se constituir em instrumento de autonomia do homem, e acima de tudo, uma pedagogia de respeito e ética ao ser humano.




5 REFERÊNCIAS


LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996.


FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 17. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1979.


______. Pedagogia do Oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1983.


. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989